Caetano Veloso
Existirmos: a que será que se destina?
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina
Sendo Noel um grande boêmio, um cara que gostava de viver nas ruas, nos botequins, ele fez logo amizade com muitos motoristas de taxi, que às vezes levavam ele pra casa, às vezes emendavam uma outra farra, ou às vezes levavam ele pra namorar alguma moça no juá. E o Noel foi percebendo aos poucos que havia um motorista de taxi chamado “Malhado”, e o Malhado era cantor de seresta, era metido a dar o famoso “dó de peito”, e gostava de cantar falsas canções com palavras difíceis, rebuscadas, que ele não entendia absolutamente o que significava. E o Noel aos poucos foi percebendo o estilo do Malhado, e compôs uma canção especialmente pra ele, ensinou, e combinou com ele pra lançar a música numa seresta pra duas filhas de um coronel lá em Vila Isabel. Chegando lá em baixo do sobrado do coronel, o Noel disse que ia ficar do outro lado da rua pra dar o destaque que a voz do Malhado merecia. Feriu o tom... lá se foi o Malhado
“Saí da tua alcova com o prepúcio dolorido
Deixando seu clitóris gotejante
De volúpia emurchecida
Porém, os gonococos da paixão
Aumentou minha tensão”
Bem, o coronel levantou atirando, o Malhado saiu correndo, chegou na esquina livre e o Noel já estava esperando ele e perguntou:
- O que é que houve Malhado?
E o Malhado assustadíssimo falou:
- O cara sai atirando, não entendi nada!
E o Noel sem perder a pose diz pra ele:
- Isso é pra você ver, Malhado, o que é a falta de sensibilidade dessa gente!
Provavelmente a maior artista da atualidade.
. Cajuína
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