Hoje é a Utima vez que posto algo neste blog ....
Arrependo-me
De Acreditar em contos,com seus finais surpreendente e diferentes ...
Acreditar nos grandes romances pela eloquencia...
Acreditar Nas Dissertativas que podem mudar algo com os dialogos....
E Acreditar que a vida é poesia
Quando a realidade se resume a pura FICÇÃO...
Quero dizer por fim:
O que é puro
Vem dos Olhos
Da Boca
e de um .
"Teu sorriso
Dança Nkissi
espalha encanto nos terreiros
Nguzu corre veias mortas,
Servos dos deuses descabelados
e de negros faceiros
Segue o sopro, incendeia
Magia ! povo arteiro
É dia de festa.
Ah, se aquele sorriso fosse pra mim, negrinha, desatinava em tua pele minha brasa.Manchava tuas coxas com minha língua, e te comia, negrinha, te comia.
"Por que não? Não me ama mais?".
Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem mais aprouver fazer dieta.
Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.
Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro; dêem-me feijão com arroz
E um bife, e um queijo forte, e parati
E eu morrerei, feliz, do coração
De ter vivido sem comer em vão.
(Vinícius de Moraes, in “Para Viver um Grande Amor”, Livraria José
Olympio Editora S. A., 1984)
rato que rói a roupa que rói a rapa do rei do morro que rói a roda do carro
que rói o carro, que rói o ferro que rói o barro, rói o morro rato que rói o rato
rato, roto que ri do roto que rói o farrapo do esfarra-rapado que mete a ripa, arranca rabo Rato ruim
rato que rói a rosa rói o riso da moça e ruma rua arriba em sua rota de rato
Com essas palavras arrancadas do velho Chico, inicio assim minha triste despedida ao mundo cão da arrogância do ser, de ser só mais um almofadinha de bunda gorda e olhos caídos, um triste Arlequim. Você deve estar se perguntando sobre o que diabos eu estou falando, estou falando de sexo meu amigo – não, essa parte foi para pegar você. – sim, estou falando sobre isso.
É fato cientifico que o oxigênio é nosso maior vilão, e é através dele que nossas células envelhecem, por isso Deus criou as lesmas-espaciais, seres perfeitos que vivem no cosmos, cara, elas são demais, vivem no vácuo e dizem até que vivem mais de mil anos, antes de morrer de tédio. Ah, se eu pudesse ser uma dessas magnificas lesmas, meu amigo, eu me atiraria pelo cosmos infinito e diria “Deus, aqui pra você...”, deslizando com minhas ventosas sadias pelas galaxias. Meu amigo conheceu uma menina na Argentina chamada Galaxy, era loira Andy ? Eu a imagino assim...
Lembrando disso, penso no meu grande amigo, a Nicotina. Ele me disse que hoje cheirou solvente, e ficou bem louco. Desisti de sair hoje por conta disso, eles estavam chapados demais naquelas malditas ruas, naqueles mal-ditos bares, Ah, dona Dilma, bombeirinho á um real e três flipers de KOF ( malditas máquinas do demônio ), sua safadinha, querendo corromper meus amigos ? Dê-lhes viagras e eles serão mais felizes.
Não que eu precise disso para me sentir mais feliz, para ser honesto, estou me sentindo meio depressivo ultimamente, acho que estou ficando mais esgotado. Tic-tac-tic-tac, me sinto inútil.
Mas hoje não, hoje eu bebi o esperma dos deuses e me senti livre.
Eu enxerguei o mal nos olhos daquelas crianças, e chorei, para onde elas vão ? que futuro elas tem ? Tudo o que fazemos ( ou pensamos que fazemos ) foi em vão, e hoje eu assisto a tudo isso acontecendo e tenho medo, entenda, imagino que quando Eles perceberem o que Eles fizeram com a cultura dessa bosta de País, dessa bosta de América, vamos todos nos arrepender, e muito, e seremos acusados de sermos velhos, por sermos saudosistas, vamos ser acusados por termos sido hipócritas e pervertidos, um bando de velhos pervertidos de silicone e paus rígidos, mas estaremos corretos, sempre estamos corretos e sempre somos vitimas de nossos próprios erros. Os jovens tem que destruir seus belos corpos e se considerarem o centro do universo, e continuar com “nóis quer”, pois todos querem tudo, tudo ao mesmo tempo. Precisamos continuar ingerindo a fumaça, ingerindo a química, devemos destruir tudo aqui que foi belo e puro algum dia, pois Eles, ELES vão sacar a palhaçada que eles fizeram com a cultura brasileira, nossa cultura brasileira, foram Eles, e não Nós que destruímos tudo que havia de lindo em nossas crianças, e elas são o futuro de uma nação falida, a nação aprisionada por engrenagens complexas, por paradigmas complexos demais para descrever, capazes de sedar o povo inteiro, capazes de sedar uma geração inteira.
Eu chorei, chorei muito, e precisei ir para casa, sair do trabalho mais cedo porque eu enxerguei o mal nos olhos de um adolescentes estúpido ( todos eles são ) e egoísta ( todos nós somos ), e como todos os jovens dessa pocilga, eu desejo do fundo do meu coração que tudo se foda.
Concluindo, tomo aqui emprestadas as palavras de um grande beatnik :
"A engenharia cai sobre as pedras
Um curupira já tem o seu tênis importado
Não conseguimos acompanhar o motor da história
Mas somos batizados pelo batuque
E apreciamos a agricultura celeste
Mas enquanto o mundo explode
Nós dormimos no silêncio do bairro
Fechando os olhos e mordendo os lábios
Sinto vontade de fazer muita coisa.... "
Chico Science
Seus joelhos estão tão esfolados, tão profundamente feridos que só se vê um buraco com uns três centímetros de profundidade onde antes eram as rotulas por causa das quedas com a cruz de cem quilômetros de comprimento ás costas, e, quando Ele se verga com a cruz nas pedras, obrigam-no a cair de joelhos, e Ele já os tinha feridos daquela maneira no momento no que O pregaram na cruz – eu estava lá. - Ali está o grande corte em suas costelas, onde os lanceiros cravaram a ponta de suas espadas. - Eu não estava lá, se estivesse teria gritado: “Parem com isso!”, e teria sido crucificado também. - A Santa Espanha enviou aos astecas do México, que arrancavam corações em sacrifícios, uma imagem de ternura e piedade, dizendo-lhes : “Faríeis isto ao Homem ? Eu sou o Filho do Homem, nasci do Homem, sou o Homem, isto vós faríeis Mim, que sou Homem e Deus – sou Deus, e vós transpassaríeis Meus pés amarrados com longos pregos de ponta afiada levemente entortados pela força de quem os martela – faríeis isso a Mim, que preguei o amor ?”
Ele pregou o amor, e vocês o amarraram a uma árvore e o pregaram com pregos, seus tolos, vocês devem ser perdoados.
Aquele Pano Sagrado da Vitória. Que vitória, a Vitória de Cristo ! Vitória sobre a loucura, a doença da espécie humana. “Matem-no!”, rugem ainda nas lutas, rinhas de galo, touradas, lutas de boxe, brigas de rua, lutas no campo, combates aéreos, guerra de palavras - “Matem-no!” - Mate a Raposa, o Porco, e a Sífilis.
Cristo em Sua agonia, rogai por mim.
( trecho do livro “Viajante Solitário”, de Jack Keroauc )
É gelado, não frio.
O cheiro é forte, mas não é esgoto, é verde, é mato. O córrego cerca meu bairro, como uma ilha, e é nessa ilha onde você compra alegria. Prefiro o pino - farinha, o pó.
A noite nos beijava a boca e nos convidava para sair, vadiar. Encontrei meus amigos já na beira do rio, e um deles me sorrio, jogando a real : “Não vou mentir para você, dei um tiro ali, mano, e vamos ficar loucos a noite inteira.”.Estávamos em quatro, e tive a certeza de que não ficaria lúcido por muito tempo. Nem consciente. Essa coisa de uso recreativo é uma besteira, então, cheirei com tudo, até adormecer as narinas e sentir os olhos vidrados. O coração batendo forte, furando o peito, enfim vivo.
A ideia era jogar sinuca e depois ver o que faríamos. Duas ou três fichas se foram, junto com muitos cigarros, seguidos, é fácil jogar, não importa quem ganha ou quem perde, nem quem é parceiro ou quem é rival, são todos irmãos, todos na mesma canoa.
O bar fechou, caminhamos para o centro da cidade, imaginando o que a cidade reserva para nós. Não antes de darmos o próximo tiro. Comigo a segunda nunca faz efeito, ou aparenta nunca fazer efeito, só dor de cabeça. Me afastei então enquanto os outros preparavam mais três carreiras, e observei o que acontecia ao meu redor. Estávamos em cima de uma passarela, no escuro, como marginais, como nóias ( como costumamos definir os de pior situação, sujos pelos becos, deitados em suas próprias fezes, com seringas ou cachimbos nas mãos ).Lá embaixo um casal discutia, a garota gritava e tentava correr, enquanto o garoto a segurava. A coca começou a fazer efeito, então eu me sentia um agente secreto, observava as sombras, a posição de cada nóia ao meu redor, cada vizinho que poderia me caguetar, tudo fica claro com a coca, e eu me sinto um agente secreto. Chamei meu colega depois que ele mandou a carreira dele para dentro, e perguntei se agente devia descer e ver o que estava acontecendo com o casal, se o cara estava tentando machucar a menina ou coisa parecida. Quando éramos mais moços bancávamos os bons samaritanos, e até corremos atrás de um ladrão que testemunhamos roubar a bolsa de uma mulher, só pelo orgulho de parecermos heróis. Não o alcançamos, naturalmente, e talvez eu nem desejasse isso, não sou bom com essas coisas de sair na mão, muito menos com bandido. Mas dessa vez, meu amigo se deteve a dizer que provavelmente se tratava de alguma vagabunda. Eu pensei “Foda-se.” e desci sozinho, correndo, ver o que estava acontecendo. Quando eu desci, algumas pessoas que passavam pela rua estavam parando junto ao casal também, e o garoto, segurando a menina, abraçando-a bem forte, explicava que não a conhecia, mas que ela estava correndo em direção á uma passarela que estava a uns dez metros, que corta o rio Tietê. Ela gritava que queria se matar. Ela continuava chorando e gritando que ia acabar com a vida, e tentava se chocalhar, desesperada, em direção á rua onde passava vários carros. Me senti mal por meu colega ter julgado a situação, mas no estado que estávamos não faríamos muita coisa mesmo, provavelmente, nem notaríamos se ela pulasse. Nessa mesma semana, nessa mesma passarela, um cara acabou pulando, e havia muitas viaturas e bombeiros procurando o sujeito, ou o que havia sobrado dele. É como se todos estivessem tentando fugir dessa nossa ilha.
Por outro lado, nós abraçamos a diversão, a nossa vida, com todas as forças, como se pretendessemos estar com todos os sentidos ligados, á mil por hora, com tudo que nossos trocados podem oferecer. Voar com as asas que os urubus nos dão durante o dia. Confesso, porém, que a partir daí lembro de muita pouca coisa daquela noite, mas lembro de procurar novas passarelas, novos cantos escuros, e cheirar até o pó acabar. Talvez não seja a questão de não lembrar, provavelmente, não fizemos mais nada além disso. Terminamos a noite, no mesmo lugar, na beira do rio, a beira gélida e com cheiro verde. Resolvi ir para casa, o pó havia terminado e não tinha nada a ser feito. Os meninos tinham mais alguns reais e foram trocar por mais pinos. Me despedi, moro perto da boca, mas não gosto de ir até lá, fico com o cu na mão imaginando que os gambés vão surgir a qualquer momento, ou vai acontecer uma chacina doida a qualquer hora lá. Entrei, tranquei o quarto e acendi um baseado que estava na minha gaveta ha mais de uma semana.
Observando a sombra do abajur, imaginei dragões brancos deslizando pelas paredes.
Certo rabino era adorado por sua comunidade; todos ficavam encantados com o que ele dizia. Menos Isaac, que não perdia uma chance de contradizer as interpretações do rabino, apontar falhas em seus ensinamentos. Os outros ficavam revoltados com Isaac, mas não podiam fazer nada.
Um dia, Isaac morreu. Durante o enterro, a comunidade notou que o rabino estava profundamente triste.
-Por que tanta tristeza ? - comentou alguém.- Ele vivia colocando defeito no que o senhor dizia!
- Não lamento por meu amigo que hoje está no céu – respondeu o rabino. - Lamento por mim mesmo. Enquanto todos me reverenciavam, ele me desafiavam, e eu era obrigado a melhorar. Agora que ele se foi, tenho medo de parar de crescer.
Um discípulo perguntou a Firoz :
- A simples presença de um mestre faz com que todo tipo de curioso se aproxime, para descobrir algo do que se possa beneficiar. Isto não pode ser prejudicial e negativo ? Isto não pode desviar o mestre de seu caminho, ou fazer com que sofra porque não conseguiu ensinar o que queria ?
Firoz, o mestre sufi, respondeu :
- A visão de um abacateiro carregado de frutas desperta o apetite de todos que passam por perto. Se alguém deseja saciar sua fome além da sua capacidade, termina comendo mais abacates do que necessário, e passa mal. Entretanto, isto não causa nenhum tipo de indigestão ao dono do abacateiro. O caminho precisa estar aberto para todos, mas Deus se encarregado de colocar os limites de cada um.
Um mestre zen tinha centenas de discípulos. Todos rezavam na hora certa - exceto um, que vivia bêbado.
O mestre foi envelhecendo. Alguns dos alunos mais virtuosos começaram a discutir quem seria o novo líder do grupo, aquele que receberia os importantes segredos da tradição.
Na véspera de sua morte, porém, o mestre chamou o discípulo bêbado e lhe transmitiu os segredos ocultos.
Uma verdadeira revolta tomou conta dos outros :
- Que vergonha ! - gritavam. - Nos sacrificamos por um mestre errado, que não sabe ver nossas qualidades.
Escutando a confusão do lado de fora, o mestre agonizante comentou:
- Eu precisava passar estes segredos para um homem que eu conhecesse bem. Todos meus alunos eram muito virtuosos, mas mostravam apenas suas qualidades. Isso é perigoso; a virtude muitas vezes esconde a vaidade, o orgulho, a intolerância. Por isso escolhi o único discípulo que eu conhecia realmente bem, já que podia ver seu defeito : a bebedeira.
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